Apodi-RN, Janeiro de 2010
Artigo 2
Desde a ditadura militar, sou a vitrine do MDB/PMDB em Apodi-RN
Raimundo marinho pinto
Secretário Geral do PMDB de Apodi-RN
E |
m junho de 2009, eu escrevi um artigo com o título “Um sigilo de 40, porquê só agora revelado?” O qual publicado no Jornal Correio do Oeste, página 5. No final da dita matéria, prometi aos leitores revelar outro episódio que a “Odisséia” não terminou no primeiro relatado antes por mim.
No governo do General João Batista Figuereido de Oliveira, em 5 de maio de 1984, por volta das dez horas do dia, eu estava no Cartório Eleitoral da Comarca de Apodi-RN, fazendo um trabalho de levantamento de transferência de títulos eleitorais, os quais suspeitos de irregularidades, isso de interesse de um determinado chefe político local.
Eu, na condição de Secretário da Executiva Municipal do PMDB na época, fui designado pelo Presidente do meu partido e com autorização na Justiça Eleitoral para tal tarefa. No momento chega em uma das dependências do Cartório um cidadão e se dirige até onde eu estava, ele mal me cumprimentou com um bom dia secundário. Em seguida ele foi logo me perguntando o que eu estava fazendo e com ordem de quem. E exaltado, falou que ia denunciar ao Presidente João Figuereido que eu estava procurando atrapalhar os seus correligionários. Ironizou que não ia dar em nada o meu trabalho, porque o PMDB era oposição ao governo, tanto a nível municipal, estadual e federal. Eu naquele momento de repressão não tive outra alternativa, me inspirei em três personalidades, na paciência e ética de Ramez Tebet, na firmeza e abominação de Raul Brunnini e na coragem do grande tribuno inconteste Carlos Lacerda. Os citados testados na vivência do seu tempo, nos debates acalorados e em situações adversas.
Depois de ouvir as ameaças do cidadão, eu pedi a palavra, ele permitiu na condição que eu respondesse o que ele me perguntou antes. Respondi a ele no seguinte termo: primeiro; o senhor me respeite o quanto eu tenho lhe respeitado como cidadão e político, segundo; eu não tenho a obrigação de lhe dar satisfação pelo que estou fazendo e deixei de fazer, terceiro; o senhor pode denunciar de mim ao seu presidente da ditadura, o senhor faça o que bem entender a meu respeito. E disse mais, o senhor fique sabendo que eu vou continuar o meu trabalho e só será interrompido se os coronéis da ditadura me prender ou me matar. E para encerrar a conversa o senhor ouviu direito o que eu acabei de lhe dizer? Depois das minhas observações o cidadão fechou a cara e se retirou do local sem dizer mais nada. Fiquei livre da fera.
Pessoalmente, comuniquei o ocorrido ao Juiz que respondia na comarca na época, apenas sua Excelência coçou a cabeça e me disse, que eu já tinha punido o cidadão com a minha franqueza exemplar. Entendi a omissão do Juiz, moral da história, ele não quis criar problema entre ele e o chefe político. O mineiro José Maria Alkimim, dizia que a melhor defesa do homem é sua própria personalidade forte, os seus erros e fracassos é por achar que está acima do bem e do mal, ou seja, substimar os outros.
Depois do fim da ditadura e a volta da democracia em nosso país, o dito cidadão se encontra comigo e relembra o episódio, dizendo que eu estava muito corajoso pela forma que lhe respondi, eu retruquei em cima da bucha, o senhor queria que eu me ajoelhasse aos seus pés ou ficasse de cócora? Eu prefiro cair de pé, do que de joelhos. Ao rei tudo, menos aminha honra e a vergonha. Tenho posição firmada, entendo que não se pode agradar a dois senhores, ao mesmo tempo, ou seja, acender uma vela a Deus e outra para o diabo. Hoje o cidadão me cumprimenta com respeito, e me chama de seu amigo. Como é bom um dia atrás do outro. Deixo de citar o nome em respeito a idade dele e em consideração a sua família. Aguardem outras revelações.
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