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segunda-feira, 15 de abril de 2013

O BECO DAS FRUTAS e ADJACÊNCIAS




                                                     Francisco Obery Rodrigues

 1.     O BECO DAS FRUTAS

 De acordo com o historiador, Prof. Raimundo Nonato da Silva, em “Ruas, Caminhos da Saudade”, foram muitos – contei vinte e um – os becos existentes em Mossoró, afora as travessas, também em grande número. Eram simples passagens de uma rua para outra, às vezes a mesma com nomes diferentes, como é o caso do Beco da Escola Normal e Beco do Grupo Escolar. Ele cita um Beco de João Caetano em forma de L, que começava na antiga Rua do Rosário, ao lado de sua casa e saía entre os fundos desta e a casa de Chico Apolinário, na Rua Quintino Bocaiúva. Recordo, ainda, de muitos outros becos e travessas mencionados em seu livro. Os becos hoje não existem: ou foram fechados ou “promovidos” a travessas, talvez por ser nome menos mal-afamado ou malvisto.

        Conheci o chamado BECO DAS FRUTAS desde quando ainda menino, antes mesmo da década de trinta, do século recém-findo. Transitei muitas vezes por esse beco, só ou acompanhando meu pai ao Mercado Público, para a feira diária, ou às missas dos domingos. Mas, quando só, não gostava de passar por lá; preferia andar pela minha Rua Pe. João Urbano ou desviar - indo às matinês no Cine-teatro Almeida Castro - pela velha Rua do Rosário. Não era apenas sua sujeira e o cheiro forte e enjoado do carbureto, usado para apressar o amadurecimento das bananas; tinha uma cisma desse beco.

De um lado, em quase toda sua curta extensão, eram fundos das casas – com seus esgotos – cujas frentes davam para a antiga Rua Pe. João Urbano, atual Av. Dix-sept Rosado, algumas, talvez todas, ainda habitadas pelas sombras dos seus antigos moradores. Tinha início no atual armazém de Zé Serafim, onde funcionava, salvo engano – tanto tempo já passou! - uma espécie de restaurante de terceira categoria, pertencente a Dedé de dona Mundinha. Mais ou menos em frente a tal restaurante, a Prefeitura mandou fazer uma fossa – acho que em meados da década de 40 – para receber as águas da lavagem do Mercado Público. Essa fossa logo encheu e ficou, por muito tempo, transbordando uma gosma escura e fedorenta, descendo pelas sarjetas até alcançar o, naquele tempo, conhecido como Beco de Jeremias Cego, atual Rua Almino Afonso, escorrendo pela João Urbano, isso até há poucos anos. Ao lado de Dedé, existia uma oficina de sapateiro – não sei de quem. Seguiam-se, alternando com vários fundos de casa, mais uns dois ou três bares ou casas de pasto, entre os quais o de dona Raimunda. Lembro que Zé Amarelinho teve um quarto de frutas nos fundos da casa na qual morava com a mulher, dona Severina, com fachada para a Av. Dix-sept Rosado. Nesse mesmo alinhamento Seu Neo Guimarães, avô do Pe. José Guimarães – ainda residente na Av. Dix-sept Rosado – mantinha uma pequena oficina, mas não lembro bem qual o seu ofício.

Dizia-se que um dos bares referidos, também uma espécie de casa de pasto, era especializado num caldo para curar a ressaca de quem passara a noite na farra. Nesses locais, a bebida predominante era a cachaça. As pessoas temiam transitar nas suas imediações à noite, principalmente os menores, pois bêbados, vagabundos, mundanas e alguns pinguços perambulavam por lá.  Consta que foi nas imediações de um deles que Zenóbio Otávio teria atirado em um desafeto ocasional e atingido Gaúcho, que ficou paraplégico (Gaúcho era um dos filhos do antigo comerciante Aristides Rebouças). Por trás da casa onde residiu o sr. João Nogueira, depois o Dr. Vicente de Almeida e atualmente o sr. Ulisses Duarte, existia um prédio com uma porta larga, talvez uma garagem. Já no final, confinando com o referido beco, havia um terreno que meu pai comprou, por volta de 1935, a Elvídio Bandeira de Moura, no qual construiu duas casas e, na esquina, um armazém, que depois transformou noutra casa. Não lembro quem ocupou o armazém, mas nessa casa da esquina residiram, não sei se sucessivamente, Manoel das Frutas, dona Irinéa Wandereley, dona Erotildes, casada com Alonso, entre outros.   

Do outro lado do Beco das Frutas, o primeiro quarteirão se estendia do grande armazém de Chico Bernardo – Francisco Bernardo de Oliveira (1), de dois pavimentos, onde vendia todo gênero de mercadorias, desde ferragens, louças, perfumes e cosméticos, a miudezas em geral. O segundo pavimento era uma “república” na qual moravam vários rapazes, empregados do comércio e estudantes. O jornal “O Mossoroense”, em 1906, já dava notícias desse estabelecimento vendendo “miudezas, molhados, estivas e cereais.” Quem sucedeu a Chico Bernardo foi Ferreirinha Duarte e a este, não sei quantos.  Neste quarteirão existiam vários depósitos de frutas, principalmente bananas, entre eles os do senhor João de Ouro e dos irmãos Cícero e Dedé, e um tal de Mateus. Conversando com Damião Eloi de Lima, antigo engraxate com ponto no Pavilhão Vitória, que existiu na Praça Rodolfo Fernandes (Damião tem uma história interessante: batalhou e conseguiu, anos mais tarde, através do então Ministro Tancredo Neves, sua nomeação para o quadro de portaria do Banco do Brasil, encontrando-se hoje aposentado), contou-me ele que, naquele tempo, para matar a fome, ia comer banana no armazém de João de Ouro. Raimundo Nonato da Silva fala, ainda, num “quarto” do velho Justino Cocada – “que não vendia nada” – mas não esclarece se era no mesmo beco. Essa mesma quadra, cujos prédios tinham (e ainda devem ter) numeração ímpar, ia até o beco onde morava Zé Gregório (2), numa casa isolada, cujas janelas nunca vi abertas.                                                                                                                                       Ainda nesse mesmo lado – prosseguindo este inventário da memória – em seguida ao beco conhecido como de Jeremias Cego, existiam outros depósitos de bananas; quando se passava em frente a eles, viam-se grandes amontoados exalando forte cheiro do carbureto, usado para abreviar seu amadurecimento. Laranjas, só quando era tempo de safra do município de Russas-CE, ou quando, eventualmente, vinham da Bahia. Também nesses depósitos havia estoques de jerimum, batata-doce, cebolas, cordas de alho vindas de São Sebastião (hoje Dix-sept Rosado), abacaxis vindos da Paraíba etc. Mais ou menos no meio deste quarteirão eram os fundos da casa onde morou Joaquim Felício de Moura. Mais adiante, conheci o fogueteiro Cazuzinha e o flandeiro Chico Pindura (3), figuras que sumiram no mistério do tempo – evolaram-se. Existia, ainda, nesse quarteirão, uma casa estreita, antiga, acho que uma espécie de “rendez-vous”, pois, ao transitar por ali meus olhos de adolescente curioso observavam a freqüência de mulheres que me pareciam “suspeitas”. Nessa casa, depois reformada, com o número 127, residiram Bastinha, costureira, irmã de Luzia Queiroz (dona da Boate Coimbra, no Art Nouveaux); Édson Benigno César, a profª Marlene Otto, o sr. João Sobreira, encarregado, então,  do bar do Clube Ipiranga, além de outros. Na esquina, ficava a antiga loja do português Artur Céa que, segundo Raimundo Nonato da Silva,  esquinava com o Beco de Jeremias Cego, findando ali o Beco das Frutas. Nesse mesmo local Luiz Marques instalou, depois, sua sortida bodega, ponto de encontro, nas manhãs dos domingos, de amigos que iam lá bater papo e bebericar. Sucedeu a ele seu sobrinho Raimundo Marques de Oliveira e, a este, Raimundão, com o seu famoso bar. Hoje não sei quem está lá.  (O velho Jeremias Cego, que dava nome ao beco por morar nele, parece que estou a vê-lo de paletó, moreno, encorpado, de bigode, fala mansa e grossa, chapéu de feltro e bengala, indo, vez por outra, tomar um café em nossa casa. Sua esposa, dona Neném – Neném de Jeremias Cego - era nossa costureira (confeccionava as pijamas do meu, as do meu irmão e as minhas, bem como as coecas, inclusive as minhas, quando comecei a usá-las. Era amiga de minha mãe, também conhecida por Neném. Tinham quatro filhos: ..Odail, Soares (gráfico) e ,,, motorista. Morreram todos..

Esse foi o beco que conheci desde a infância, com seus habitantes, alguns sombrios, outros até burlescos, onde via pessoas sentadas no chão das calçadas irregulares, beco sujo pelas cascas de frutas e folhas secas de bananeiras espalhadas na rua, misturando o odor forte do carbureto com o de cachaça dos bares e a catinga dos esgotos, beco movimentado durante o dia, mas escuro e perigoso em suas noites lúgubres. Quase nada do que existe hoje remanesce do antigo Beco das Frutas.

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